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Sírios sofrem “o inimaginável”, afirma Comissão de Inquérito da ONU

24 set 2015

“Os civis estão a sofrer o inimaginável, perante o olhar do mundo”, afirmou Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre a Síria, na apresentação do décimo relatório deste órgão ao Conselho de Direitos Humanos, na passada terça-feira.

“Sem esforços mais enérgicos para trazer as partes para a mesa das negociações, dispostas a fazer cedências, as actuais tendências sugerem que o conflito na Síria – e a morte e destruição que semeia – continuarão sem fim à vista.”

“Durante quase cinco anos, a Síria tem estado atolada num conflito, que começou em 2011 quando o governo lançou uma violenta operação de repressão de manifestantes pacíficos que pretendiam mais direitos económicos e políticos e liberdades civis. O conflito tem vindo a escalar e a alastrar-se ao longo dos anos, com grupos extremistas religiosos e ideológicos a lutarem pelo controlo e poder em todo o país. Levou a uma deslocação em massa de civis – dos 23 milhões de pessoas que residiam na Síria antes do conflito, 8 milhões estão agora internamente deslocados e 4 milhões fugiram para os países vizinhos. Calcula-se que 300000 pessoas se tenham feito ao mar tentando chegar à Europa e a outros locais.”

“A preservação da humanidade essencial das pessoas afectadas pelo conflito – quer tenham fugido quer tenham sido obrigadas a ficar e a enfrentá-lo” – é a razão de ser da Comissão de Inquérito, declarou Paulo Sérgio Pinheiro.

Durante uma recente conferência de imprensa, os membros da Comissão revelaram manifesta frustração com a lentidão com que prosseguem as negociações tendentes a encontrar uma solução política para a crise e com a ausência de mecanismos para levar os culpados pelas atrocidades a responder perante a justiça.

“Nós investigamos”, disse a Comissária Carla del Ponte, “e, no entanto, nada acontece. Assim, a justiça – que devia ser o primeiro passo importante no processo de paz – é uma ilusão. Na Síria, são cometidos crimes com impunidade total.”

O relatório apela à adopção de medidas urgentes para garantir a protecção do povo sírio. Inclui 24 recomendações a todas as partes no conflito, à comunidade internacional e ao Conselho de Segurança.


Autor: Raquel Tavares

Fontewww.ohchr.org