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Alto Comissariado homenageia os que perderam a vida ao serviço dos direitos humanos

21 ago 2015

Realizou-se no passado dia 19 de Agosto, em Genebra, a cerimónia anual comemorativa do Dia Internacional Humanitário, que honra a memória das pessoas que perderam a vida em missões de serviço humanitário e dos que continuam a trabalhar para ajudar os demais. 

A 19 de Agosto de 2003, o Hotel Canal, em Bagdad, foi bombardeado num ataque terrorista que provocou a morte de 22 colaboradores das Nações Unidas, incluindo o então Alto Comissário para os Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello. O dia 19 de Agosto foi proclamado Dia Internacional Humanitário pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2008.

“Hoje, choramos os colegas do Alto Comissariado e todos os outros que perdemos no desempenho de trabalho humanitário”, declarou a Vice-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Flavia Pansieri, durante a cerimónia evocativa anual realizada na sede do Alto Comissariado em Genebra, Suíça.

“Honramos a sua coragem e as suas escolhas. Eles escolheram uma vida dura, com perigos e sacrifícios pessoais, porque queriam ajudar os outros. O seu trabalho enriqueceu o nosso mundo e tornou-o um lugar melhor. E, ao homenagear estes colegas caídos, e as suas famílias destroçadas, celebramos também todos quantos continuam dedicados à protecção e promoção dos direitos humanos em todos os locais”, disse.

A cerimónia evocativa homenageou os colaboradores do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos mortos ao serviço dos direitos humanos: no Ruanda em 1997, cinco pessoas morreram numa emboscada; no Iraque, em 2003, morreram 22 funcionários da ONU; no Haiti, dois colaboradores do Alto Comissariado pereceram no terramoto de 2010; e, em 2011, um perito de direitos humanos foi morto no Afeganistão num ataque a um complexo das Nações Unidas.

Flavia Pansieri disse que, no decurso da sua carreira nas Nações Unidas, viu muitas mudanças no mundo em que a Organização opera e que os trabalhadores humanitários já não estão a salvo de ataques.

“Hoje, cada vez mais, o pessoal da ONU e outros trabalhadores humanitários estão a ser alvo de violência e homicídio por todas as partes em demasiados conflitos, bem como por bandos sem lei”, acrescentou. “Esta terrível realidade – que nos bateu à porta, tão cruelmente, há 12 anos – é algo com que todos temos agora de viver, juntamente com o nosso luto pelos que morreram.”

Enquanto trabalhadores humanitários, disse Flavia Pansieri, estes homens e mulheres sabiam que, embora os perigos estivessem presentes, as suas acções os “colocariam num caminho apaixonadamente interessante, desafiador e recompensador de uma forma que poucas outras profissões o podiam fazer.”

Um destes trabalhadores humanitários é Dhafer Al-Hussini, perito em direitos humanos das Nações Unidas que trabalhava no escritório do Alto Comissariado no Iraque no momento do ataque. Durante a cerimónia, falou das suas reflexões sobre esse dia numa declaração pessoal. “Esse doloroso dia constituiu um ponto de viragem para o meu país e, com a continuação dos actos terroristas em todo o Iraque, os meus concidadãos iraquianos foram deixados com uma avassalador sentimento de desespero e medo”, disse.

Laura Dolci-Kanaan, funcionária do Alto Comissariado que perdeu o marido no ataque terrorista de Bagdad, falou aos colegas da importância da realização desta cerimónia anual na sede, em Genebra. O seu marido, Jean-Selim Kanaan, era funcionário do Alto Comissariado para os Direitos Humanos em funções no gabinete de Sérgio Vieira de Mello.

“Enquanto famílias e sobreviventes dessa tragédia, queremos agradecer-vos por estarem aqui hoje”, disse. “Apesar da nossa dor, encontramos consolo por ver, ano após ano, como o Dia Internacional Humanitário tem cada vez mais eco no seio das Nações Unidas e em todo o mundo.”

Este ano, a ONU lançou, por ocasião do Dia Internacional Humanitário, a campanha Share Humanity, para encorajar as pessoas de todo o mundo a juntarem-se a uma das organizações humanitárias existentes e a tornarem-se “mensageiras activas de humanidade”. 


Autor: Raquel Tavares

Fontewww.ohchr.org