O Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Nils Muižnieks, publicou no passado dia 16 de Julho o seu mais recente Comentário de Direitos Humanos, no qual considera, designadamente, ser tempo de desfazer os mitos e preconceitos contra os ciganos migrantes na Europa.

“Os debates políticos e mediáticos sobre a migração dos ciganos tornaram-se recorrentes em vários países europeus. Desde o alargamento da União Europeia a leste em 2004 e 2007 e do levantamento das restrições ao emprego de cidadãos romenos e búlgaros numa série de Estados membros da UE em 2014, os receios da migração de ciganos têm vindo a desencadear frequentemente um discurso desinformado e inflamado”, afirma o Comissário Nils Muižnieks no seu Comentário de Direitos Humanos.

Desmentindo a existência de uma suposta “invasão” de ciganos na Europa, o Comissário disse: “os meios de comunicação social no Reino Unido, Alemanha, Suíça, Itália e outros países apresentam muitas vezes números infundados sobre a efectiva ou potencial chegada de ciganos. Contudo, constatei que, em alguns locais, o número de ciganos migrantes tem vindo a permanecer estável ao longo dos anos. Em França, por exemplo, estima-se que o número de ciganos migrantes se situe nos 15-20 000, número estável desde a década de 2000.

No último ano, durante uma visita a um acampamento de ciganos migrantes em Estrasburgo, fui informado de que o número total de pessoas que lá permaneciam se mantinha em torno dos 400 ao longo dos últimos anos. Os números podem ter variado mais em outros locais mas, em geral, nenhuma evidência de base científica indica que os ciganos constituam uma percentagem superior dos que emigram relativamente ao peso que têm na população dos respectivos países de origem.

Um estudo de 2013 sobre os ciganos na Roménia concluiu que não têm mais propensão para emigrar do que os não ciganos.”

Autor: Raquel Tavares

Fonte: www.coe.int