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Nações Unidas discutem moda e direitos humanos

20 nov 2015

Decorreu em Genebra, na passada terça-feira, no âmbito do Fórum das Nações Unidas sobre empresas e direitos humanos, um debate subordinado ao tema “Moda sustentável – dando poder às mulheres na indústria africana de moda”. A iniciativa teve por objectivo destacar a importância de políticas e práticas empresariais sustentáveis no sector da moda para a capacitação das mulheres, bem como discutir a importância da monitorização de tais políticas e práticas para potenciar o respectivo impacto. 

Respondendo à pergunta “como por os direitos humanos na moda?”, a designer de moda sul-africana Sindiso Khumalo disse que isso se faz intervindo em toda a cadeia de produção, dos designers às costureiras.

“Preocupamo-nos tanto com os artesãos como com os designers”, disse. “Muitos designers de moda estão a desempenhar um importante papel na produção de bens éticos. É importante que os bens que produzimos dêem poder às pessoas que os fazem”:

Decorrendo à margem do Fórum das Nações Unidas sobre empresas e direitos humanos, que reúne mais de 2000 participantes de todo o mundo, o evento sobre moda sustentável juntou diversos peritos, que discutiram as formas de tornar a moda mais inclusiva e aumentar a participação das mulheres na economia global.

Arancha Gonzalez, Directora Executiva do Centro de Comércio Internacional (ITC) considerou que a moda pode ser um veículo para a abordagem de questões de direitos humanos. “Representa uma oportunidade para intervir nos mercados e erradicar a pobreza extrema, que é hoje o maior falhanço ao nível dos direitos humanos”, disse.

Através da sua Iniciativa para uma Moda Ética, o ITC tem conseguido ligar micro-produtores em países como o Haiti, Quénia e Burkina Faso a empresas de moda de luxo e designers para fornecimento de tecidos, serviços de costura e outros serviços especializados. Os resultados foram a criação de muitos empregos. “E não quaisquer empregos, mas empregos decentes e com consciência da sustentabilidade do processo de produção”, declarou. “Trata-se de dar poder às mulheres e de demonstrar que a moda pode ser sustentável.”

“Além disso, os direitos humanos estão na moda quando os trabalhadores de toda a cadeia de produção são tratados de forma decente”, afirmou Auret van Heerden, presidente e fundador da Equiception, que referiu a tragédia dos trabalhadores da indústria de vestuário que morreram ou ficaram feridos no colapso do edifício Rana Plaza, em Abril de 2013, no Bangladesh. Os trabalhadores sabiam que o edifício era inseguro, disse. Tinham-no dito aos patrões na noite anterior. E, no entanto, no dia do desmoronamento, os trabalhadores foram agredidos à bastonada e forçados a entrar. “Tiveram de ceder, porque não tinham voz”, disse Auret van Heerden.

“Temos de dar a todos os agentes da cadeia de produção a voz necessária para que possam gozar um mínimo de dignidade, um mínimo de respeito”, disse. “É preciso que todos os agentes da cadeia de produção digam: Quando produzimos estes belos produtos, pensamos em questões éticas, pensamos na dignidade e respeito de todas as pessoas que fazem parte desta cadeia de produção?” 


Autor: Raquel Tavares

Fonte: www.ohchr.org