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Situação mundial da infância: Objectivos de Desenvolvimento do Milénio deixaram para trás milhões de crianças

23 jun 2015

A UNICEF lança hoje a 11.ª edição do seu relatório anual sobre o progresso das crianças, intitulado O Progresso das Crianças para além das Médias: Aprendendo com os ODM. O estudo conclui que, apesar dos significativos progressos alcançados, milhões de crianças foram deixadas para trás nos esforços de implementação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).

O relatório, que utiliza os mais recentes dados disponíveis para demonstrar a evolução da situação mundial da infância desde 1990, conclui que os quase 15 anos de esforços concertados desenvolvidos a nível mundial na prossecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) resultaram em significativas melhorias nas condições de partida de milhões de pessoas – sobretudo crianças – mas também que, em muitos casos, a corrida ao apuramento de médias globais disfarçou diferenças a nível regional, nacional e sub-nacional pelo que, apesar dos significativos progressos alcançados, milhões de crianças foram deixadas para trás pelas vagas de progresso.

O relatório hoje lançado mostra, não apenas as áreas onde se registaram progressos universais e regionais excepcionais e se reduziram as disparidades, mas também as áreas onde estas permaneceram ou se aprofundaram desde 1990.

Ao apresentar os progressos alcançados no período de implementação dos ODM e os desafios que as crianças continuam a enfrentar, o relatório destaca as áreas onde devem ser concentrados a atenção e os esforços a fim de chegar às crianças mais vulneráveis e conseguir um desenvolvimento sustentável.

Revela desigualdades que, não sendo surpreendentes, já não podem ser ignoradas, nomeadamente as seguintes: as crianças das famílias mais pobres têm o dobro da probabilidade de morrer antes do quinto aniversário do que as crianças das famílias mais ricas; as crianças das famílias mais pobres têm muito menos probabilidade de alcançar níveis mínimos de aprendizagem do que as crianças das famílias mais ricas em todas as regiões; na maioria dos países da África sub-Sahariana, as raparigas das famílias mais pobres continuam a estar em maior desvantagem em termos de participação escolar; as raparigas adolescentes são desproporcionalmente afectadas pelo VIH, representando quase dois terços de todas as novas infecções por VIH entre os adolescentes, em 2013.

Esta edição do relatório O Progresso das Crianças surge num momento crucial de mudança global. Quando as nações traçam um caminho para a próxima agenda de desenvolvimento, O Progresso das Crianças oferece um mapa para chegar às crianças que ficaram para trás, com enfoque na acção dos decisores políticos, profissionais da área do desenvolvimento, doadores e especialistas em estatística a nível nacional.

O relatório demonstra que, se não acelerarmos as actuais taxas de progresso, milhões de outras crianças serão deixadas para trás no final da próxima era de desenvolvimento. Na educação, por exemplo, com o crescimento populacional das regiões com piores resultados, em pouco se reduzirão os números de crianças fora da escola em 2030, comparando com a actualidade. As actuais taxas de declínio do nanismo continuarão a deixar 119 milhões de crianças afectadas em 2030. E, se continuarmos no actual caminho, meio milhar de milhões de pessoas continuarão a defecar ao ar livre daqui a 15 anos.


Autor: Raquel Tavares

Fontewww.unicef.org