Simp

Está aqui

“Temos muito a perder”, afirma Alto Comissário perante o Conselho de Direitos Humanos

27 fev 2017

“Sem um compromisso para com os direitos humanos fundamentais, a dignidade e o valor da pessoa humana e a igualdade de direitos dos homens e das mulheres e das nações grandes e pequenas, o caos, a miséria e a guerra tomarão conta do mundo”, afirmou hoje o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, na sua intervenção que deu início à 34.ª sessão ordinária do Conselho de Direitos Humanos, reunido em Genebra entre os dias 27 de Fevereiro e 24 de Março de 2017

O Alto Comissário sublinhou a importância atribuída aos direitos humanos pela Carta das Nações Unidas: “estão lá em primeiro lugar, porque a 26 de Junho de 1945, dia da assinatura da Carta, a matança numa escala até aí desconhecida para os humanos tinha terminado há pouco tempo e por todo o mundo existiam cidades pulverizadas e ainda em chamas, monumentos à imensa maldade e estupidez humanas. As delegações compreenderam que só começando por aceitar direitos humanos fundamentais podia tudo o resto – paz duradoura e sucesso no desenvolvimento – tornar-se possível. É um ponto que mesmo hoje – se calhar, especialmente hoje – tem de ser interiorizado por muitos actores políticos que apenas vêem os direitos humanos como cansativos constrangimentos”.

Fazendo um paralelismo entre os direitos humanos e o oxigénio que respiramos, que muitos tomam como dado adquirido e não valorizam devidamente, disse o Alto Comissário: “Não pensamos várias vezes por dia na necessidade de inalar oxigénio – embora a nossa própria existência dependa disso, a cada momento. Só quando ficamos privados de oxigenação é que a sua importância se torna chocantemente patente. De forma semelhante, só quando os direitos deixam de ser respeitados é que as pessoas em causa compreendem com crua clareza quão importantes eles eram para uma existência digna e com significado”.

“As inéditas marchas de 21 de Janeiro deste ano não foram, creio, sobre um indivíduo ou governo em concreto – embora muitos as tenham visto como tal. Acredito que as marchas foram em prol dos direitos das mulheres, dos direitos humanos das mulheres, de todos nós, de uma humanidade justa e inclusiva. Fiquei orgulhoso por elementos do Alto Comissariado terem participado. Temos de defender os direitos humanos. Quando os humanos compreendem plenamente que têm direitos, é quase impossível fazer com que deixem de o saber.”

“Para aqueles agentes políticos que, tal como nos dias da Liga das Nações, ameaçam o sistema multilateral ou declaram a intenção de se retirar de partes do mesmo, as sirenes da experiência histórica devem soar claramente. Não ficaremos sentados. Porque temos muito a perder e tanto a proteger. E os nossos direitos, os direitos dos demais, o próprio futuro do planeta, não podem, não podem mesmo, ser destruídos por irresponsáveis que se aproveitam da política.”

“Peço-vos que defendam os direitos de todos e que se juntem a nós”, concluiu o Alto Comissário.

 

por: Raquel Tavares

Fontewww.ohchr.org